O TDAH E AS PRODUÇÕES SUBJETIVAS DA CRIANÇA: PROBLEMATIZANDO O DIAGNÓSTICO COM PAIS E PROFESSORES

Camila Zacarias Lima Araujo, Luciana de Oliveira Campolina

Resumo


O presente trabalho problematiza o tema da medicalização e patologização de
crianças em contextos escolares quando há manifestação de dificuldades no
processo de aprendizagem. Aprofundar a investigação na forma como se configura
para a criança esse cenário atual de banalização dos diagnósticos, da aceitação dos
sistemas e estruturas escolares e da responsabilização da criança pelo seu fracasso
escolar, a partir de uma visão subjetiva e singular é de extrema importância. Assim,
propõe-se compreender as produções subjetivas das crianças que receberam o
diagnóstico do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), analisando
suas relações em contexto escolar a partir da Epistemologia Qualitativa e do método
construtivo-interpretativo, proposto por González Rey, enfatizando as produções
simbólico-emocionais que constituem as experiências da criança em diferentes
espaços sociais. Essa concepção epistemológica e proposta metodológica parte da
ideia de que o conhecimento é uma produção teórica que implica as ideias do
pesquisador acerca das informações produzidas no curso da pesquisa. Portanto, a
comunicação entre pesquisador e participantes tem um papel central na geração de
espaços dialógicos que favoreçam a expressão subjetiva dos processos estudados.
Tendo isso em vista, a pesquisa foi realizada com duas crianças de uma escola
pública do Ensino Fundamental, com diagnóstico de TDAH, buscando compreender
os aspectos da subjetividade individual e social, envolvidos nas suas experiências
escolares e os impactos do diagnóstico para sua aprendizagem, em sua dimensão
subjetiva. Também participaram da pesquisa, a professora da sala de aula e os
responsáveis da criança. A partir de dinâmicas conversacionais, da análise de
documentos e da participação das pesquisadoras na escola, foram construídos
indicadores sobre como se configura para a criança o seu modo de aprender dentro
da subjetividade social da escola. Um indicador elaborado diz respeito à demasiada
importância dada aos diagnósticos e aos laudos psicológicos que mantém
constantemente uma relação recursiva com as situações de aprendizagem da
criança. Outros indicadores permitiram elucidar que os sentidos subjetivos destas
crianças estão perpassados por uma busca de aceitação e de pertencimento à
escola, e por sentimentos de insegurança e descrença por parte dos adultos, além
de estarem articulados aos sentidos subjetivos da professora acerca do seu papel
como educadora. Dessa forma, ressalta-se a relevância de uma reflexão crítica e
intervenção na vida cotidiana da criança na escola com foco na subjetividade e
singularidade para a emergência de sujeitos ativos e transformadores


Palavras-chave


TDAH, subjetividade, sentidos subjetivos, diagnóstico, aprendizagem

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n2.2016.5566

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