A COMUNICAÇÃO NO “MERCADO SUL VIVE!”, TAGUATINGA – DF: OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DA ESTÉTICA DE COMUNICAÇÃO VISUAL LOCAL E PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIO SOBRE O MOVIMENTO DE REVITALIZAÇÃO CULTURAL COMUNITÁRIO
Resumo
Esta pesquisa trata da compreensão dos elementos comunicacionais dentro da
estética visual urbana no processo de ressignificação da cidade, vivenciando a ação
do projeto composto por coletivos populares, conhecido como “Mercado Sul Vive”,
no Mercado Sul, Taguatinga-DF. Em 2013, o grupo realizou ocupações estratégicas
nas construções do complexo, estruturas abandonadas na época, sem nenhuma
razão social. Desde então, empenham-se em revigorar o espaço, além de
ressignificar a região no intuito de fortalecer a cultura popular de Taguatinga. Nas
vivências com a comunidade do Mercado Sul, foi perceptível o desenvolvimento de
técnicas e estratégias comunicacionais no contexto urbano, como rádio livre, feiras
de artesanato mensais, composteiras e hortas urbanas, além de intervenções
urbanas gráficas ou performáticas que configuram a estruturação de viés
comunicacional em função da conectividade entre o espaço vivenciado e a
população. Foi objetivo geral deste trabalho identificar as intervenções artísticas
visuais e performáticas, bem como a rádio comunitária e o processo de “revivação”
realizadas no espaço do Mercado Sul, como elementos comunicacionais integrados
à espacialidade do cenário urbano. É importante salientar que não é propício o uso
da expressão “revitalização”, pois este processo é facilmente atrelado a um processo
de gentrificação, ou seja, ignorar por completo a atuação da comunidade no
processo de revivamento, expulsando-a aos poucos com mudanças na lógica de
funcionamento do espaço, além de um aumento na especulação imobiliária. O que o
movimento propõe é a renovação de sentidos do espaço comunitário. Um dos
objetivos desta pesquisa foi registrar os componentes desse diálogo urbano para
retornar o material em forma de documentário à comunidade. O material audiovisual
usado para a edição do minidocumentário foi entregue a representantes do grupo,
bem como o curta já finalizado. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, uma vez que
procuramos entender melhor a comunicação de um movimento urbano em prol da
cidade analisando elementos comunicacionais distintos, resultado das vivências no
espaço e junto à comunidade. Dentre outros, foram destacados os elementos
visuais. São de grande importância para entender a quebra de paradigmas que o
movimento nos traz: stencils, lambe-lambes, composteiras e outras formas que os
moradores encontraram de tornar o ambiente mais pessoal e sustentável. O grupo
focal também foi importantíssimo como método para apreensão do que pensam
alguns representantes da comunidade e do movimento de ressignificação desse
ambiente. Destaca-se o aprendizado utilizando a pesquisa-ação, através do
encontro e da imersão dos pesquisadores dentro da realidade estudada. Assim,
conclui-se ser possível produzir uma relação propícia à produção de conhecimento e
informação realmente efetivos para sociedade; mudar a perspectiva de uma
hierarquia do conhecimento, onde a academia é colocada como detentora do saber,
e deixar que as vozes dos transformadores sociais ecoem para dentro do cenário
acadêmico. Observamos, na produção do documentário, uma refuta à semelhante
conjuntura hierárquica presente nos elementos comunicacionais do grupo de
“revivação” da urbe. Transmissões radiofônicas por softwares livre via internet e
intervenções urbanas são componentes de comunicação que alimentam a cultura
popular no sentido inverso à especulação e triagem dos agentes sociais que
realmente fazem a diferença
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n3.2017.5785
Apontamentos
- Não há apontamentos.