Análise comparativa da utilização da metodologia de Friedewald e a de Martin na avaliação de perfil lipídico em pacientes do Centro de atendimento comunitário do UniCEUB (CAC)

Gustavo Araújo Mendes, Maria Eduarda A. S. de Azevedo, Tania Cristina Santos Andrade

Resumo


As lipoproteínas são substâncias plasmáticas que carregam colesterol em diferentes densidades. A lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e da lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL-c) têm importâncias clínicas significativas, pois, quando elevadas, podem desencadear doenças arteriais coronarianas. A concentração dessas substâncias é obtida por cálculos matemáticos, mas devido à essa grande importância clínica, é exigido resultados precisos. O presente estudo tem como objetivo comparar estatisticamente os valores de LDL-c e VLDL-c obtidos pela equação de Friedewald e os obtidos pela fórmula de Martin a partir de prontuários coletados no Laboratório-Escola de Análises Clínicas do UniCEUB (CAC). Foram analisados 509 pacientes, sendo 349 do gênero feminino (68,6%) e 160 do gênero masculino (31,4%). A análise por teste-t pareado nos evidenciou que há diferença estatística significativa entre as estimativas de LDL-c pelas duas metodologias (média(m) = 22 mg/dL; média(f) = 23 mg/dL; t = 4,1; p < 0,0001). Também houve diferença para o VLDL-c (média(m) = 115 mg/dL; média(f) = 114 mg/dL; t = 4,8; p < 0,0001). A mesma situação se observou ao comparar os LDL-c de pacientes com TG < 150 (desejável) e os com TG > 150 (diferente do desejável), sendo os índices estatísticos, respectivamente, (média(m) = 115 mg/dL; média(f) = 111 mg/dL; t = 6,9; p < 0,0001) e (média(m) = 133 mg/dL; média(f) = 126 mg/dL; t = 12,7; p < 0,0001). Além da relevância estatística apresentada, este estudo também demonstrou que há relevância clínica significativa se utilizarmos a metodologia de Martin em detrimento da anterior. Dos 509 pacientes, a metodologia de Friedewald subestimou os valores de LDL-c de 28 pacientes, classificando-os em um grupo de risco inferior, assim como também superestimou os valores de LDL-c de 19 pacientes, classificando-os em um grupo de risco superior. Além disso, também superestimou os valores de VLDL-c de 34 pacientes. Esses vieses acarretam impacto na vida dessas pessoas, tendo em vista que receberiam diagnóstico e terapêutica diferentes se utilizassem métodos diferentes. Portanto, conforme a relevância estatística e clínica, a metodologia de Friedewald pode ser substituída pela de Martin sem prejuízo à confiabilidade dos resultados de perfil lipídico apresentados na rotina laboratorial.

Palavras-chave


Doença coronariana. LDL colesterol. VLDL colesterol.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2019.7533

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