Análise comparativa da utilização da metodologia de Friedewald e a de Martin na avaliação de perfil lipídico em pacientes do Centro de atendimento comunitário do UniCEUB (CAC)
Resumo
As lipoproteínas são substâncias plasmáticas que carregam colesterol em diferentes densidades. A lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e da lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL-c) têm importâncias clínicas significativas, pois, quando elevadas, podem desencadear doenças arteriais coronarianas. A concentração dessas substâncias é obtida por cálculos matemáticos, mas devido à essa grande importância clínica, é exigido resultados precisos. O presente estudo tem como objetivo comparar estatisticamente os valores de LDL-c e VLDL-c obtidos pela equação de Friedewald e os obtidos pela fórmula de Martin a partir de prontuários coletados no Laboratório-Escola de Análises Clínicas do UniCEUB (CAC). Foram analisados 509 pacientes, sendo 349 do gênero feminino (68,6%) e 160 do gênero masculino (31,4%). A análise por teste-t pareado nos evidenciou que há diferença estatística significativa entre as estimativas de LDL-c pelas duas metodologias (média(m) = 22 mg/dL; média(f) = 23 mg/dL; t = 4,1; p < 0,0001). Também houve diferença para o VLDL-c (média(m) = 115 mg/dL; média(f) = 114 mg/dL; t = 4,8; p < 0,0001). A mesma situação se observou ao comparar os LDL-c de pacientes com TG < 150 (desejável) e os com TG > 150 (diferente do desejável), sendo os índices estatísticos, respectivamente, (média(m) = 115 mg/dL; média(f) = 111 mg/dL; t = 6,9; p < 0,0001) e (média(m) = 133 mg/dL; média(f) = 126 mg/dL; t = 12,7; p < 0,0001). Além da relevância estatística apresentada, este estudo também demonstrou que há relevância clínica significativa se utilizarmos a metodologia de Martin em detrimento da anterior. Dos 509 pacientes, a metodologia de Friedewald subestimou os valores de LDL-c de 28 pacientes, classificando-os em um grupo de risco inferior, assim como também superestimou os valores de LDL-c de 19 pacientes, classificando-os em um grupo de risco superior. Além disso, também superestimou os valores de VLDL-c de 34 pacientes. Esses vieses acarretam impacto na vida dessas pessoas, tendo em vista que receberiam diagnóstico e terapêutica diferentes se utilizassem métodos diferentes. Portanto, conforme a relevância estatística e clínica, a metodologia de Friedewald pode ser substituída pela de Martin sem prejuízo à confiabilidade dos resultados de perfil lipídico apresentados na rotina laboratorial.
Palavras-chave
Doença coronariana. LDL colesterol. VLDL colesterol.
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2019.7533
Apontamentos
- Não há apontamentos.