Investigação de infecções hospitalares em pacientes submetidos à hemodiálise em hospital público de Brasília
Resumo
No mundo, estima-se que existam mais de 1,5 milhão de pacientes com insuficiência renal que são tratados por meio de hemodiálise. No Brasil, a estimativa é de aproximadamente 112.004 pacientes que realizam tratamento dialítico, dos quais, 91,4% são submetidos à hemodiálise. O risco de infecção está sempre presente quando há acesso venoso e nas unidades de hemodiálise ocorre, principalmente, pela necessidade de punção venosa central. A infecção bacteriana é a complicação infecciosa mais frequente, representando cerca de 15% da mortalidade destes doentes. Objetivo: investigar as infecções hospitalares associadas aos procedimentos de hemodiálise em um hospital público de Brasília. Método: Estudo transversal, descritivo de caráter retrospectivo e prospectivo, realizado no setor de hemodiálise de um hospital público do Distrito Federal, através de exploração de prontuários eletrônicos dos pacientes pertencentes a amostra. A coleta de dados compreendeu o período de janeiro a dezembro de 2019. As variáveis investigadas foram: sexo, idade, tempo de internação do paciente, desfecho clínico, morbidades motivadoras da indicação da hemodiálise, infecções hospitalares associadas ao procedimento de hemodiálise, fatores de risco para Infecções hospitalares relacionadas ao paciente e aos procedimentos de hemodiálise, a microbiota associada as infecções hospitalares e o respectivo perfil de sensibilidade antibiótica e as condutas de tratamento das infecções adquiridas no ambiente nosocomial. Para a identificação das infecções hospitalares foram utilizados os “Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde''. Série: Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde”, que apresenta critérios de Infecção de Sítio Cirúrgico, infecção primária da corrente sanguínea, infecção do trato respiratório, infecção do trato urinário entre outros. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do UniCEUB (CAAE: 17700619.8.0000.0023) e pelo CEP da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde/FEPECS/SES/DF (CAAE: 17700619.8.3001.5553). Resultados: a amostra foi composta por 143 pacientes, sendo 52,4% do sexo masculino e 47,6% do sexo feminino, idade média de 58±16,71 anos. O tempo médio de internação foi de 54,71±56,27 dias. A maioria dos pacientes possui como comorbidade hipertensão (69,93%), diabetes (43,35%), obesidade (18,88%) e dislipidemia (18,88%). O desfecho de óbito ocorreu em 23,1% dos pacientes. O cateter duplo lúmen foi o principal acesso vascular utilizado (77,1%) e veia jugular interna direita a principal topografia (49,3%). As infecções hospitalares acometeram 30 pacientes (20,9%), sendo o local de inserção do cateter a topografia mais prevalente destas infecções (80,6%). Conclusão: esta pesquisa encontrou elevada taxa de infecções hospitalares relacionadas à hemodiálise, resultando em períodos prolongados de internação e óbitos. A redução das infecções hospitalares é possível quando um conjunto de ações de medidas preventivas são desenvolvidas visando a redução máxima possível destes eventos. Os resultados aqui apresentados visam exaltar a importância de investimento na prevenção das infecções hospitalares, que arrastam os pacientes a sofrimentos evitáveis e desnecessários, onerando ainda mais o serviço de assistência à saúde.
Palavras-chave
Hemodiálise. Infecção Hospitalar. Fatores de Risco.
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2019.7631
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