Entre o distanciamento social e as reformulações no sistema: a Covid-19 e a rede de atenção às mulheres vítimas de violência

Laís Brito de Moraes, Clara Lima Rodrigues, Lucas Alves Amaral

Resumo


Esta pesquisa é fundamentada na psicologia, na Lei Maria da Penha, em estudos sobre
direitos humanos, violência contra as mulheres e nas alterações presentes na rede de
atenção a mulheres, no período da pandemia, no Brasil e tem como objetivo entender como
o sistema de atenção a mulheres vítimas de violência se adaptou para continuar prestando
serviços multidisciplinares à comunidade. Por meio da metodologia qualitativa, foram
realizadas sete entrevistas semiestruturadas com profissionais que atuam no sistema de
atenção às mulheres vítimas de violência em diferentes níveis, sendo 6 mulheres e 1 homem
com idades entre 24 e 58 anos residentes no Distrito Federal. Para análise das informações,
foi utilizado o método de Bardin. Os resultados foram agrupados em dois eixos temáticos: a
adequação dos atendimentos e os desafios do trabalho da rede na pandemia; as
perspectivas e os desafios após as mudanças na rede derivadas da pandemia. Foi
identificado que os atendimentos foram adequados ao mundo virtual, o que, por um lado,
gerou inclusão e adaptação no acolhimento a mulheres, contudo, por outro, gerou desafios
pela proximidade constante com familiares e amigos e pelo acesso a aparatos eletrônicos e
digitais. O resultado para as mulheres que precisaram do sistema de apoio foi a redução dos
espaços de escuta e acolhimento. Além disso, foi assinalada a necessidade de esforço
conjunto da rede em estabelecer estratégias de aproximação das mulheres vítimas de
violência. Ademais, no âmbito das perspectivas e dos desafios após mudanças derivadas da
pandemia, foram constatados aspectos positivos após as mudanças no trabalho da rede de
atenção, como a digitalização dos materiais educativos em direitos humanos e
psicoeducação e o uso de aparatos online como importante ferramenta para promoção de
acolhimento e acompanhamento de mulheres vítimas de violência. Em contrapartida, alguns
desafios apresentam-se após as mudanças no trabalho da rede de atenção, tais como o
acesso ao mundo digital por parte das mulheres vítimas, das dificuldades no que tange à
adequação do acesso à informação e do uso de uma linguagem que seja acessível. Diante
disso, a pesquisa demonstrou alguns limites: a dificuldade e o desafio de encontrar outros
profissionais disponíveis para participar da pesquisa, o período de realização do trabalho e o
campo de realização da pesquisa ter-se restringido apenas ao Distrito Federal. Por fim, como
caminho futuro de pesquisas acadêmicas, foi apontada a necessidade de investigar o alcance
das políticas de prevenção à violência contra a mulher, após toda a mudança e reorganização
da rede.


Palavras-chave


covid; violência; mulheres; distanciamento social; psicologia.

Texto completo:

PDF


DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8196

Apontamentos

  • Não há apontamentos.

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia