Artroplastia total de joelho bilateral simultânea versus estadiada: uma análise retrospectiva transversal de desfechos clínico subjetivos, hospitalares e funcionais
Resumo
Atualmente a demanda por artroplastia de joelho vem aumentando devido ao
envelhecimento populacional e suas repercussões físicas, mas ainda existe um debate
científico sobre qual a técnica mais apropriada: Bilateral simultânea ou estadiada. Em virtude
disso, o objetivo desse estudo foi comparar desfechos clínicos e hospitalares em pacientes
diagnosticados com osteoartrite que foram submetidos a um dos procedimentos, operados
por um mesmo cirurgião no Hospital Ortopédico e Medicina Especializada (HOME), na cidade
de Brasília/DF-Brasil, a partir de 2010, desde que o tempo transcorrido entre o procedimento
cirúrgico e as coletas fosse maior do que um ano. Foram divididos em dois grupos de análise:
Artroplastia total de joelho bilateral simultânea (ATJBS) e Artroplastia total de joelho bilateral
estadiada (ATJBE). Os dados antropométricos, incluindo gênero, idade, altura, peso e
comorbidades crônicas diagnosticadas antes da primeira artroplastia foram coletados, além
de desfechos clínicos (primários) e hospitalares (secundários). Desfechos primários: avaliação
de capacidade funcional auto relatada por meio do questionário Western Ontario and
McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC); saúde funcional e o bem-estar pelo
questionário 36-Item Short-Form Health Survey; grau de satisfação com a cirurgia utilizando
um questionário com escala fixa. Secundários: tipos e frequência de complicações pós
cirúrgicas (cardíacas, respiratórias e infecciosas) e tempo de permanência total no hospital
(dias) após o procedimento. A comparação entre os grupos nos valores do WOMAC não
demonstrou diferença estatística (p=0,25). De forma semelhante, nenhuma diferença foi
observada entre os dois grupos para os valores do SF-36 global (p=0,63) e das subescalas
analisadas: capacidade funcional (p=0,44), aspectos físicos (p=0,44), dor (p=0,56) e saúde
geral (p=0,42). Uma análise das frequências de satisfação dos pacientes evidenciou os
resultados: muito ruim (ATJBS: 1/36; ATJBE: 0/14), ruim (ATJBS: 0/36; ATJBE: 0/14), regular
(ATJBS: 3/36; ATJBE: 0/14), bom (ATJBS: 2/36; ATJBE: 1/14), muito bom (ATJBS: 10/36; ATJBE:
6/14) e ótimo (ATJBS: 20/36; ATJBE: 7/14. A análise das complicações constatou o seguinte:
complicações cardíacas (ATJBS: 5/37; ATJBE: 2/14); complicações respiratórias (ATJBS: 1/37;
ATJBE: 0/14) e infecções (ATJBS: 0/37; ATJBE: 1/14). Não foi evidenciado diferença estatística
entre os grupos (p=0,71). A análise da frequência global de complicações demonstrou:
complicações/sim (ATJBS: 6/37; ATJBE: 3/14) e sem complicações/não (ATJBS: 31/37; ATJBE:
11/14). O tempo de internação foi estatisticamente menor no grupo ATJBS quando
comparado ao grupo ATJBE (p=0,001). Em conclusão, os resultados apontaram que a ATJ
bilateral simultânea gerou resultados similares na avaliação de capacidade funcional
reportada (WOMAC), saúde funcional e o bem-estar (SF-36) e satisfação do paciente com o
resultado cirúrgico, quando comparada à estadiada. Além disso, os dois procedimentos foram
semelhantes no que diz respeito a complicações no pós-operatório. No entanto, houve
diferença estatisticamente significativa no tempo total de internação hospitalar, evidenciado
pela redução em dias, nos pacientes que realizaram ATJ bilateral simultânea.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8249
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