O sistema nervoso autônomo no hipotireoidismo subclínico

Ana Flávia Silva de Souza, Gabriela Muniz Carneiro, Antoinette de Oliveira Blackman

Resumo


O Hipotireoidismo Subclínico (HS) está associado a disfunções autonômicas cardíacas, com
aumento da atividade simpática e diminuição da atividade parassimpática. Este desequilíbrio
no Sistema Nervoso Autônomo (SNA) pode gerar instabilidade elétrica cardíaca, sendo assim,
fator de risco para eventos cardiovasculares fatais, como fibrilação e taquicardia ventricular.
Dessa forma, o presente estudo propôs analisar o SNA de pacientes diagnosticados com HS,
através da análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca e Duração do Intervalo QT. Os
indivíduos foram submetidos a avaliação eletrocardiográfica domiciliar por 24 horas, com
registros em 12 canais, através do gravador Holter DMS 300-12. A função autonômica
cardíaca foi avaliada pelos parâmetros: SDNN (Standard Deviation of all normal NN interval),
SDANN (Standart Deviation of the Average NN Interval), pNN50 (Percent of normal-normal
NN intervals whose difference exceeds 50 ms) e a duração e duração do intervalo QT em
milissegundos. A pesquisa qualitativa incluiu 3 pacientes com o seguinte perfil clínico:
feminino; média idades 53 anos; IMC médio 30,1; TSH médio 5,5; T4L médio 1. Constatou-se,
que ⅔ dos indivíduos apresentaram aumento da duração do intervalo QT (554 e 534 ms) e
restante dos parâmetros de inicial interesse normais, considerando os critérios de risco
pré-estabelecidos. Contudo, observaram-se outros achados significativos na avaliação
cardiológica dos pacientes como: bloqueio atrioventricular de 1º grau (PR até 0,24 seg)
durante o sono, pausas sinusais com até 4.2 seg de duração, períodos de
infradesnivelamento de ST (-1,5MM) de V4 a V6, durante taquicardia sinusal e bloqueio de
ramo esquerdo intermitente com alteração de repolarização ventricular. A despeito dos
achados expressivos, não se pode afirmar que estes estão correlacionados ao HS,
devendo-se primeiramente excluir outras patologias prévias. Ademais, se faz necessário o
acompanhamento cardiológico meticuloso desses indivíduos, devido aos riscos que podem
advir dessas condições. Infelizmente, devido a pandemia, a pesquisa encontrou dificuldades
na execução do projeto, principalmente devido ao fechamento prolongado da clínica
responsável pelo exame cardiológico e pelo receio de contaminação dos pacientes e
profissionais, motivos que limitaram o desdobramento da pesquisa. Além disso, a maioria
dos portadores de HS são assintomáticos, o que prejudica o diagnóstico e recrutamento.
Ainda são poucos os estudos que abordam esse tema, tanto na literatura nacional, quanto
internacional. Portanto, é de interesse dos pesquisadores dar continuidade ao projeto
objetivando-se recrutar um número maior de participantes, a fim de evitar fatores
confundidores, visto que alguns trabalhos internacionais já demonstraram disfunção
autonômica nesses indivíduos, sendo necessário o acompanhamento da função cardíaca,
considerando que as doenças cardiovasculares são a maior causa de mortalidade no mundo.


Palavras-chave


hipotireoidismo subclínico; variabilidade da frequência cardíaca; duração do intervalo QT; função autonômica cardíaca.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8312

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