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Por que elas voltam? uma investigação sobre vivências e afetos de pessoas em situação de risco, emergências e desastres

Elisa de Pennafort Rabelo, Tatiana Freitas Leitão Lima, Leonardo Cavalcante de Araújo Mello

Resumo


Sabe-se que o Distrito Federal é uma área privilegiada em termos de riscos ambientais,
porém, os conflitos de regulamentação fundiária, seja em função de obras de
infraestrutura e urbanização, seja em defesa do direito à propriedade, protagonizam o
cenário de emergências e desastres para a população vulnerável. A pesquisa em
questão visa compreender os sentidos produzidos por pessoas em situações de risco
social e ambiental, emergências e desastres (sociais e ambientais) na cidade de
Brasília/DF. Foram investigados aspectos subjetivos (afetos, sentidos, concepções) de
pessoas que passaram ou passam por contextos de abrigamentos e desabrigamentos
em contextos de risco, que passaram por remoções de territórios em função de um
conjunto complexo de fatores e os processos que fazem essas pessoas, em muitas
situações, retornarem para a área originalmente pautada como arriscada. Para isso
utilizou-se como base teórica a Psicologia Ambiental e a Psicologia de Emergências e
Desastres. Foram entrevistadas duas mulheres ocupantes que passaram por situação
de despejo, utilizando como método a cartografia e a observação participante, tanto
com elas quanto com uma comunidade do Sol Nascente em situação semelhante.
Identificou-se que as alternativas propostas pelo Estado são vistas de forma negativa
pelo público uma vez que não atendem suas necessidades, sendo muitas vezes
sinônimo de conflitos e violência, o que acaba influenciando o percurso de voltar para
a situação de risco da qual saíram, para, também, pressionar o Estado por respostas
melhores e reivindicar por seus direitos. Além disso, foram identificadas questões
micropolíticas relacionadas ao vínculo ao lugar e identidade cultural, social e pessoal,
que também parecem mantê-las ali e que ainda são desconsideradas pelas políticas
públicas oferecidas. Estas devem considerar a construção de um lugar que preserve,
minimamente, um apego aos mosaicos e fragmentos que constituem essas pessoas, as
histórias do lugar, as imagens, os objetos. O que seria praticamente impossível em
lugares transitórios como abrigos


Palavras-chave


Ocupações; Despejo; Emergência e Desastre; Lugar; Vínculo

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8900

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