Ácidos graxos de cadeia curta e seu papel na proteção e prevenção do câncer colorretal

Ana Luiza do Nascimento de Almeida, Ana Lúcia Ribeiro Salomon

Resumo


O câncer colorretal é o quarto tipo de câncer mais comumente diagnosticado e o
terceiro mais mortal no mundo (GLOBOCAN, 2018). Estudos demonstram evidências de que
os ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs) podem prevenir o desenvolvimento do câncer de
cólon no estado inflamado (SCHEPPACH et al., 1992; SCHEPPACH et al., 1997). A fibra
dietética protege o intestino de compostos tóxicos e alterações carcinogênicas,
possivelmente pela fermentação das fibras em AGCC (LE LEU et al., 2015). Sobre o amido
resistente encontrou-se o mesmo resultado (DRONAMRAJU et al., 2009; HEIJNEN et al.,
1998; VAN MUNSTER et al., 1994). Os AGCC favorecem a homeostase metabólica, promovem
a proteção do cólon (ELAMIN et al., 2013) e têm efeitos diretos na imunomodulação pela
inibição de histonas deacetilases e ativação de receptores acoplados à proteína G que
resultam na diminuição da inflamação colônica (CORRÊA-OLIVEIRA et al., 2016) e têm
repercussão anticarcinogênica neste tecido (HINNEBUSCH et al., 2002). Este estudo de
intervenção do tipo ensaio clínico randomizado e controlado teve o objetivo de identificar se
o aumento no consumo de fibra alimentar e amido resistente pode resultar em melhora da
qualidade de vida (QdV) de pacientes portadores de câncer colorretal. Para tanto, foi
utilizada uma amostra de trinta e dois (32) pacientes que se encontravam em tratamento
antineoplásico e lhes foram aplicadas as seguintes ferramentas: questionário de frequência
alimentar (QFA), recordatório alimentar de 24 horas (R24h), e WHOQOL-BREF (World Health
Organization Quality of Life - Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde - versão
abreviada). Na primeira etapa, objetivou-se conhecer o padrão alimentar dos participantes e
a sua qualidade de vida antes da intervenção dietética. Na segunda etapa o grupo
intervenção (n=16) recebeu orientações dietéticas para o aumento do consumo de alimentos
fonte de fibra alimentar e amido resistente e o grupo controle (n=16) recebeu orientações
dietéticas gerais sobre a alimentação saudável. Na terceira etapa, o QFA e o WHOQOL-BREF
foram aplicados novamente para comparar os resultados de antes e depois da intervenção.
Pela falta de dados pós-intervenção, não foi possível avaliar se a intervenção dietética foi
capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os dados levantados pré-intervenção,
entretanto, permitiram identificar um padrão alimentar prejudicial à QdV do grupo avaliado,
com baixo teor de fibras alimentares, amido resistente e aminoácidos, e alto consumo de
alimentos gordurosos, ultraprocessados, carnes vermelhas e açúcares. Ao passo que também
puderam ser constatadas a insatisfação dos participantes com a própria qualidade de vida, a
vulnerabilidade psicológica, problemas de autoestima e falta de suporte, além das limitações
experimentadas pela dor e indisposição físicas. Não foi possível concluir se o aumento no
consumo de fibra alimentar e amido resistente pode resultar em melhora da qualidade de
vida (QdV) de pacientes portadores de câncer colorretal


Palavras-chave


câncer colorretal; ácidos graxos de cadeia curta; qualidade de vida; fibra alimentar; amido resistente

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8916

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