Síndrome de compressão medular metastática: as barreiras que impedem a descompressão cirúrgica precoce e o seu impacto no quadro neurológico e qualidade de vida dos pacientes

Gabriela Ferreira Alfama, Bruna Moreno Barbosa, Marcello Oliveira Barbosa

Resumo


A Síndrome de Compressão Medular Metastática (SCMM) é uma das complicações mais temidas e debilitantes do câncer. Essa situação se configura como uma verdadeira urgência oncológica, pois se não for reconhecida e manejada prontamente, usualmente leva à paraplegia irreversível, perda de função esfincteriana e dor severa. O tratamento cirúrgico é o único capaz de resolver a compressão de modo imediato e pacientes com déficits motores devem ser submetidos ao procedimento o quanto antes, a fim de evitar deterioração neurológica adicional e melhorar a probabilidade de preservação/restauração da mobilidade. O objetivo da pesquisa foi investigar os fatores que concorrem para a demora na intervenção cirúrgica da SCMM, assim como definir o impacto desse atraso no prognóstico neurológico dos pacientes. Foi realizado um estudo básico, de natureza observacional, abordagem quantitativa analítica e delineamento longitudinal retrospectivo, com pesquisa documental através da exploração de prontuários eletrônicos. Foram incluídos pacientes operados por SCMM entre janeiro de 2017 a dezembro de 2021 no hospital de referência em cirurgia da coluna do Distrito Federal. As variáveis avaliadas foram: características demográficas e clínicas, informações relativas ao diagnóstico pela Ressonância Magnética (RM), intervalo de tempo entre todas etapas da suspeita clínica à cirurgia descompressiva - documentando dificuldades logísticas registradas, informações quanto a cirurgia, assim como o estado neurológico pré e pós-operatório (avaliado pela capacidade de deambulação e Escala de Frankel descrita nos prontuários) e, por fim, a melhora ou não do déficit motor e da dor após a cirurgia. A análise estatística descritiva, de associação e de regressão logística múltipla foi realizada com o auxílio do programa IBM SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 23. O nível de significância utilizado em todo estudo foi de 5%. No total, o estudo abrangeu 34 pacientes elegíveis. O tempo médio para realização de RM após a suspeita clínica foi de 11,82 dias. Após o diagnóstico a média de espera até o ato operatório foi de 16,13 dias. No pré-operatório 97% dos pacientes apresentavam algum prejuízo motor e 67% dos pacientes já haviam perdido completamente a capacidade de deambular. Após a cirurgia 40,63% tiveram melhora do déficit motor e em 79,31% dos casos houve melhora da dor. Encontramos uma mudança significativa da Escala de Frankel no pós-operatório e 39,09% dos pacientes obtiveram um aumento de pelo menos 1 nível nessa classificação. No entanto, não houve mudança significativa da capacidade de deambulação após a cirurgia. Como em outros estudos, constatamos que o estado neurológico no pré-operatório e a capacidade de andar são os fatores prognósticos mais importantes no desfecho neurológico dos pacientes com SCMM. Os resultados mostraram que em nossa prática clínica, ocorrem atrasos substanciais no diagnóstico, encaminhamento e tratamento dos pacientes com SCMM. Os dados desta pesquisa auxiliaram a compreender as particularidades em que a SCMM ocorre na população brasileira, fornecendo informações importantes sobre as dificuldades específicas que foram encontradas, para que estas enfim sejam superadas

Palavras-chave


câncer; compressão da medula espinhal; déficit motor; metástase neoplásica; paraplegia

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8992

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