Faria Dormir pouco e adiar tarefas: a relação entre a ausência de sono, a procrastinação e a produtividade na sociedade do cansaço

Resumo

O projeto de pesquisa visou investigar a relação entre a privação de sono, os comportamentos
procrastinadores e a percepção da cobrança por produtividade da sociedade do cansaço
vivenciada na modernidade. A amostra foi constituída por 100 participantes, sendo 68
mulheres e 22 homens (10 sem identificação de gênero), entre 18 e 66 anos, com intuito de
averiguar essa temática em uma amostra com maior probabilidade de estarem inseridos em
um contexto acadêmico e/ou profissional. Foram aplicadas, de forma virtual através de um
formulário no Google Forms, três instrumentos adaptados: o Índice de Qualidade de Sono de
Pittsburgh (IQSP), o Pure Procrastination Scale (PPS), e a Escala da Percepção da Pressão por
Rendimento - esta criada para esse projeto -; além de um questionário demográfico. A análise
de dados realizada deu-se a partir de correlações de Pearson entre as variáveis de interesse e
cálculos de ANOVA entre as diferenças das médias dos resultados encontrados nos
instrumentos e em função das variáveis independentes, bem como através da estatística
descritiva dos dados demográficos. Diante dos dados, pôde-se encontrar correlações
significativas e positivas entre os padrões de sono e a percepção dos princípios incentivados
na sociedade (r = 0,326; p = 0,01), entre a tendência a procrastinar e os valores impostos pela
sociedade moderna percebidos (r = 0,399; p = 0,05), e também entre as regulações do sono e
a tendência a procrastinar (r = 0,234; p = 0,05). Conclui-se, assim, que o estudo confirmou
parcialmente as hipóteses levantadas, de forma a apresentar a relação entre a privação de
sono, a tendência à procrastinação e a percepção dos valores incentivados pela sociedade e
tidos como propulsores de um ideal de rendimento, assim como acentuou os impactos para a
qualidade de vida do indivíduo.