Perfil epidemiológico dos pacientes com complicações gastrointestinais após cirurgias cardiovasculares em um hospital da rede privada do Distrito Federal (DF)

Isabelle Cristina Abreu Bílio, Letícia Sampaio Castro, Rafaella Albuquerque e Silva

Resumo


As doenças cardiovasculares apresentam frequência elevada, o que resulta, muitas vezes, na
realização de procedimentos corretivos passíveis de complicações no pós-operatório, como
as complicações gastrointestinais, que apesar de menos frequentes, são responsáveis por
alta mortalidade, e sua detecção precoce se torna mandatória para recuperação favorável.
Assim, o objetivo foi analisar o perfil epidemiológico dos pacientes com complicações
gastrointestinais no pós-operatório de cirurgias cardiovasculares no Hospital Daher, bem
como descrever a frequência de parâmetros relacionados, como dados sociodemográficos,
uso de Circulação extracorpórea, dias de internação, manejo e desfecho dos quadros. Para
isso, foi realizada pesquisa descritiva, observacional, retrospectiva e transversal, do tipo série
de casos, por meio da análise dos prontuários do sistema de informação SoulMV no período
de 2018 a 2022, e os dados foram analisados estatisticamente através do software Epi Info
7.25. Por amostragem, 242 pacientes foram submetidos a procedimentos cardiovasculares,
sendo a angioplastia e a revascularização do miocárdio as mais realizadas, com 88,42% e
6,61%, respectivamente. Diante disso, 7 pacientes evoluíram com complicações
gastrointestinais, representando 2,8% da amostra. Em relação ao pré operatório, 42,86%
apresentavam-se entre 60 e 69 anos, sendo o sexo masculino mais afetado, com 57,14% dos
casos. Além disso, 57,1% dos pacientes eram tabagistas, e 42,86% apresentaram IMC
adequado. Em relação às comorbidades prévias, a Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes
Mellitus ocuparam local de destaque, apresentando frequências de 71,42% e 42,86%. Diante
disso, os anti-hipertensivos, foram os principais medicamentos utilizados previamente,
representando 71,42%, seguido pelos psicotrópicos (42,85%). Já no tangente ao suporte no
intraoperatório, 28,57% dos pacientes foram submetidos a CEC, e o mesmo percentual já
realizava uso de drogas vasopressoras no período anterior à cirurgia. Além disso, 42,86%
apresentaram as complicações menores, sendo a diarreia a mais comum, descrita em 28,57%
dos pacientes. A hemorragia digestiva foi observada em 28,57% dos pacientes, sendo
traduzida em melena e hematêmese, e demandando a realização de EDA. Em adição,
colecistite foi verificada em 14,29%, sendo realizada ultrassonografia com achados
característicos. O íleo paralítico, também foi observado com frequência de 14,29%,
apresentando distensão abdominal e achados tomográficos, e demandando nova
intervenção cirúrgica. Em relação ao tempo transcorrido desde o procedimento até o
surgimento de sintomas, foi encontrada igual frequência para os períodos de 0 a 4 dias, e de
5 a 9 dias, com valor de 42,86% para ambas. Já no pós operatório, foram utilizadas ventilação
mecânica e drogas vasoativas em 42,86%, e 42,86% apresentaram insuficiência renal
concomitante às complicações gastrointestinais. Por fim, 28,57% foram a óbito. Diante dos
resultados, verifica-se que, apesar de ser uma complicação pouco usual, está relacionada
com desfechos negativos, que impactam na mortalidade e na qualidade de vida dos
pacientes. Assim, a análise do perfil desses pacientes permite a elaboração de hipóteses para
estudos futuros que estabeleçam relação de risco entre os fatores pré, intra e pós
operatórios com acometimento gastrointestinal, viabilizando medidas precoces e
direcionadas no manejo dessas complicações.


Palavras-chave


cirurgias cardiovasculares; complicações gastrointestinais; perfil epidemiológico

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2022.9598

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