Pesquisa de Listeria Monocytogenes em frangos, carne bovina, laticínios e embutidos à venda no Distrito Federal
Resumo
As Doenças Veiculadas por Alimentos (DVA) representam uma séria preocupação para a
saúde pública devido à sua alta capacidade de transmissão por meio de alimentos
contaminados. Este estudo tem como objetivo verificar a ocorrência de Listeria
monocytogenes em alimentos de consumo comum no Distrito Federal, buscando alertar
sobre a implementação de medidas de controle e vigilância para reduzir a disseminação do
patógeno na população brasileira. Listeria monocytogenes é uma bactéria gram-positiva e
anaeróbia facultativa, que demonstra notável capacidade de sobreviver em ambientes
desafiadores, incluindo baixas temperaturas e ambientes ácidos, o que a torna
especialmente relevante no contexto das DVAs. Além disso, ela pode formar biofilmes em
equipamentos usados na indústria alimentícia, o que aumenta o risco de contaminação ao
longo da cadeia de produção. A contaminação por essa bactéria geralmente está associada
ao consumo de alimentos crus ou insuficientemente cozidos, como leite cru, queijos não
pasteurizados, carnes mal passadas, vegetais crus, salsichas e alimentos refrigerados. A
Listeriose, doença causada por este agente, pode variar de leve a grave e afeta
principalmente grupos de risco, como idosos, neonatos, gestantes e imunocomprometidos,
podendo levar a complicações sérias, incluindo meningite, septicemia e aborto. A letalidade
da Listeriose pode chegar a 30%, mesmo com tratamento adequado, o que torna essa
doença um importante problema de saúde pública. No Brasil, a Listeriose é subnotificada e
subdiagnosticada, o que dificulta a avaliação do seu impacto no país. Nesse contexto, a
presente análise de alimentos, dentre eles carnes, leite, queijos e embutidos, revelou
indícios compatíveis com a presença de Listeria monocytogenes somente na amostra de
paleta bovina (da primeira rodada de testes) e de paleta bovina moída (da segunda rodada
de testes). Estas amostras foram submetidas a testes para avaliar a sensibilidade a
antimicrobianos. Tais resultados sugerem a possibilidade de contaminação em diversos
pontos da cadeia produtiva, como locais de controle, manuseio e abate de animais, além do
processamento de moedor e fatiamento de carne. É essencial identificar os alimentos de
maior risco e implementar estratégias de eliminação do patógeno. No entanto, é necessário
realizar mais estudos para garantir a segurança das diferentes abordagens de controle, como
uso de tecnologias de irradiação gama e fagos, além de embalagens com nanofibras, por
exemplo. Portanto, torna-se crucial garantir condições higiênicas e sanitárias adequadas de
produção, transporte e armazenamento de alimentos. Além disso, deve-se promover o
incentivo ao financiamento de pesquisas voltadas para o desenvolvimento de tecnologias
que reduzam os riscos de contaminação, bem como estudos sobre a incidência do patógeno
em produtos cárneos e processados. Destaca-se, por fim, a importância desta pesquisa como
medida essencial para fornecer dados que aprimorem a compreensão e o monitoramento
adequado da presença de Listeria monocytogenes nos alimentos consumidos diariamente
pela população brasileira, contribuindo para a segurança alimentar e prevenção à saúde da
população.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2022.9600
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