A profilaxia pré-exposição como medida de prevenção ao HIV/Aids em populações vulneráveis no Brasil
Abstract
A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) consiste no uso diário de antirretrovirais, antes
de um possível contato com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), e tem como
objetivo reduzir o risco de infecção. Fazendo parte da Prevenção Combinada, estratégia
que associa um conjunto de medidas preventivas ao HIV, a PrEP está disponível no
Brasil desde 2018 e é indicada, principalmente, para as populações com maior risco de
entrar em contato com o agente infeccioso, as chamadas populações-chave. Dentre
essas populações, incluem-se os gays e outros homens que fazem sexo com homens
(HSH), pessoas transgênero e trabalhadores(as) do sexo. Assim, o objetivo dessa
pesquisa foi descrever a evolução do uso da PrEP de 2018 a 2023, segundo
características sociodemográficas e populações-chave, além de discorrer sobre os
problemas de acesso enfrentados por esses grupos, propondo medidas para solucionar
esses problemas. Trata-se de uma análise descritiva, em que foram utilizados, para a
coleta e análise dos dados, os sistemas de informação oficiais do Ministério da Saúde:
Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Painel de Monitoramento da
Profilaxia Pré-Exposição, Boletins Epidemiológicos de HIV/Aids e Sistema de Informação
de Mortalidade. Como meios de fundamentação teórica, utilizaram-se as bases de
dados PubMed e Scielo, por meio dos descritores “HIV AND Brazil”, “HIV AND
Pre-Exposure Prophylaxis” e “HIV AND Social Stigma”. Também foram utilizados
materiais disponibilizados no site do Ministério da Saúde. Desse modo, a presente
pesquisa demonstrou que a PrEP apresentou uma crescente aceitação de seu uso pelas
populações-chave desde a sua implementação no Brasil até o ano de 2023, com um
aumento de 580% na adesão, passando de 8.199 usuários iniciando PrEP em 2018 para
55.800 em 2023. Porém, as populações-chave ainda representam a maioria dos novos
casos de infecção pelo HIV. Nos últimos anos, a principal categoria de exposição ao
agente infeccioso, no sexo masculino, foi a de HSH e, no sexo feminino, mulheres
heterossexuais. Atualmente, a PrEP se concentra em gays e outros HSH cis,
brancos/amarelos, na faixa etária de 30 a 39 anos de idade e com alta escolaridade. Ao
comparar a evolução da adesão à profilaxia ao longo dos anos, travestis e homens
trans permanecem como os grupos com o menor número de usuários em PrEP.
Portanto, pode-se concluir que diversas barreiras podem interferir no processo de
adesão à profilaxia e na descontinuação do seu uso, como a falta de conhecimento, a
baixa utilização de métodos de prevenção ao HIV e o atendimento inadequado e
discriminatório em unidades de saúde. Com isso, campanhas educativas e de
conscientização acerca do HIV/Aids e das populações mais vulneráveis devem ser
prioridade de políticas públicas, a fim de combater o estigma e a discriminação e
ampliar o acesso à PrEP.
Keywords
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PDF (Português (Brasil))DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.9991
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