Crianças-soldado no conflito em Serra Leoa: direitos humanos, direito internacional humanitário e/ou direito international penal

Giovanna Maria Frisso

Resumo


Este artigo discute o papel do direito internacional na caracterização de crianças como perpetradores, vítimas e testemunhas no conflito armado em Serra Leoa. A primeira parte do artigo contextualiza o estabelecimento do processo do Tribunal Especial para Serra Leoa. A segunda parte considera em que medida a criminalização do recrutamento forçado e da escravidão forçada pelo Estatuto do Tribunal está em acordo com a proteção garantida aos direitos das crianças por outros instrumentos jurídicos internacionais. Os crimes internacionais de recrutamento forçado e escravidão forçada são discutidos à luz das obrigações contraídas por Serra Leoa quando da ratificação de instrumentos de direitos humanos e de direito internacional humanitário. Por fim, a terceira parte do artigo trata da possibilidade de responsabilização penal individual de crianças pelo Tribunal Especial para Serra Leoa. Esta possibilidade é, por um lado, apresentada como conseqüência necessária da definição do crime de recrutamento forçado pelo Estatuto do Tribunal Especial para Serra Leoa e, por outro lado, negada pela competência pessoal do Tribunal. Conclui-se que, por meio do Estatuto do Tribunal Especial para Serra Leoa, a comunidade internacional permite caracterizações contraditórias da experiência das crianças soldados, impedindo o desenvolvimento coerente do direito internacional como instrumento capaz de garantir a proteção das crianças durante conflitos armados.

Palavras-chave


Crianças, conflitos armados, direito internacional, Serra Leoa

Texto completo:

PDF

Referências


CORRIERO, M. A. Th e Involvement and Protection of

Children in Truth and Justice-Seeking Processes: Th e

Special Court for Sierra Leone. New York Law School

Journal of Human Rights, v. 18, p. 337–360, 2001-2002.

CRYER, R. A “special court” for Sierra Leone?

International & Comparative Law Quarterly, v. 50, n. 2,

p. 435-446, 2001.

DRUMBL, M. A. Collective Violence and Individual

Punishment: Th e Criminality of Mass Atrocity.

Northwestern University Law Review, v. 99, p. 539–610,

-2005.

GOFFREDO, G. S. Os combatentes nos confl itos

armados internacionais e suas proteções. Direito, Estado e

Sociedade, v. 9, n. 29, p. 174–212, jul/dez 2006.

INTERNATIONAL CENTER FOR TRANSITIONAL

JUSTICE. Th e Sierra Leone Truth and Reconciliation

Commission: Reviewing the First Year, 2004. Case Study

Series.

HENRY DUNANT CENTRE FOR HUMANITARIAN

DIALOGUE. Negotiating peace in Sierra Leone:

confronting the Justice Challenge. 2007.

O’FLAHERTY, M. Sierra Leone’s Peace Process: Th e

Role of the Human Rights Community. Human Rights

Quarterly, v. 26, n. 1, p. 29-56, 2004.

ORENTLICHER, D. F. Settling Accounts: Th e Duty to

Prosecute Human Rights Violations of a Prior Regime.

Yale Law Journal, v. 100, n. 8, p. 2537–2615, 1991.

SCHABAS, W. Amnesty, the Sierra Leone Truth and

Reconciliation Commission and the Special Court for

Sierra Leone. Universit y of California Davis Journal of

International Law and Policy, v. 11, p. 145–169, 2004-

SCHABAS, W. Th e Relationship between Truth

Commissions and International Courts: Th e Case of

Sierra Leone. Human Rights Quarterly, v. 25, p. 1035–

, 2003.

TRINDADE, A. A. C. Tratado de Direito Internacional

dos Direitos Humanos. Porto Alegre: S. A. Fabris, 2003.

ZAPPALA, S. Human Rights in International Criminal

Proceedings. Oxford: Oxford University Press, 2003.




DOI: https://doi.org/10.5102/rdi.v9i2.1845

ISSN 2236-997X (impresso) - ISSN 2237-1036 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia