CORPO E SUBJETIVIDADE: CONFIGURAÇÕES SUBJETIVAS SOBRE O CELIBATO EM MONGES HINDUÍSTAS

Alex Sandro Jesus Cândido, José Bizerril Neto

Resumo


Neste trabalho discuto os desdobramentos subjetivos do celibato em dois monges hinduístas por meio de uma análise que articula a fenomenologia da corporeidade e a perspectiva histórico-cultural da subjetividade. O presente estudo teve como objetivo compreender como se dá a produção de sentidos subjetivos a partir da experiência do corpo vivido no contexto da prática do celibato (aqui tratado como brahmacārya) entre monges hinduístas. Para tal, utilizei do aporte metodológico construtivo-interpretativo, uma perspectiva qualitativa que se fundamenta em três princípios: o caráter construtivo-interpretativo do conhecimento, a pesquisa como processo dialógico e o singular como instância legítima de produção de conhecimento. Analiso a produção de sentidos subjetivos em torno do celibato e sua relação com as configurações subjetivas dominantes do grupo, particularmente as relacionadas à reprodução e à instituição familiar. Por meio dessa análise, ficou evidenciada a produção subjetiva monástica como potencial ponto de inflexão da estrutura binária hegemônica de gênero e suas implicações para a produção identitária masculina. Discuto a ambiguidade da instituição ascética como fator simultaneamente de agregação e exclusão social, bem como os efeitos da renúncia à condição de sujeito masculino de desejo, que posiciona o renunciante em um lugar sensível em uma economia significante fálica, distanciando-o das noções socialmente compartilhadas de masculinidade. Ofereço uma descrição fenomenológica do sêmen (śukra) em termos de fluxos intersubjetivos, que no contexto da prática celibatária assume o valor de substância básica para a produção de um corpo e de uma prática espiritual ascética através dos quais se almeja a transcendência da condição humana. Reflito sobre o potencial do celibato para pensar novas configurações subjetivas das masculinidades e as possibilidades de se pensar a subjetividade desde o corpo vivido


Palavras-chave


subjetividade; configurações subjetivas; celibato; corpo; monges; fenomenologia

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n2.2016.5548

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