ANÁLISE DE TRAVESSIAS DE PEDESTRES EM VIAS ARTERIAIS POR MEIO DO SOFTWARE ANYLOGIC
Resumo
É notório que, na grande maioria das cidades brasileiras, há uma ausência de interesse em relação aos pedestres, por parte do poder público, uma vez que o foco das ações volta-se ao tráfego motorizado (principalmente o individual), o que acaba por desestimular que as pessoas utilizem os espaços públicos como pedestres nos seus deslocamentos. Esta falta de interesse se reflete nos tempos semafóricos, nos quais, quase sempre, a prioridade para a maior fluidez é destinada ao motor e não às pessoas. Neste contexto, este trabalho visa verificar em que medida a inserção de estratégias de moderação de tráfego – no caso deste estudo, as faixas de pedestres semaforizadas – pode auxiliar nos deslocamentos dos pedestres em vias arteriais, de modo a aumentar a sua segurança. Para tanto, o estudo de caso insere-se no Plano Piloto de Brasília, mais precisamente no fim da via arterial W3 norte, onde se localizam distintos Polos Geradores de Viagem (PGV), como o Boulevard Shopping, o Hipermercado EXTRA e o Setor Hospitalar Local Norte (SHLN). Como metodologia de estudo, optou-se pela simulação da situação real (simulação descritiva) e da proposta (simulação prescritiva) utilizando o software AnyLogic, que além de apresentar uma interface gráfica que premite a modelagem rápida de ambientes complexos como o comportamento entre elementos motorizados e não motorizados, consegue-se utilizar a versão de estudante da ferramenta disponível na internet. Para a modelagem, iniciou-se com a realização do mapeamento do trecho estudado, tanto no âmbito da caracterização da rede – número de faixas de rolamento, velocidade máxima permitida –, como no âmbito da caracterização dos agentes – contagem veicular e de pedestres. Para a primeira contagem, foram mobilizados onze alunos voluntários posicionados estrategicamente em onze pontos ao longo da malha viária, em que contabilizaram durante 30 minutos a quantidade de automóveis (ônibus e carros) que trafegaram no trecho, nos horários de pico da manhã e da tarde, em um mesmo dia da semana. Para a segunda, procedeu-se a contagem com base no Método dos Portais (UCL – University College London) em que observou as linhas de desejo dos pedestres tanto em nas faixas de pedestres como fora delas durante os mesmos horários de pico e também em um único dia da semana. Como achados, verificou-se que na simulação descritiva o maior tempo médio de espera foi dos ônibus (300,35s), em seguida dos pedestres (214,13s) e o menor dos carros (179,35s), o que ratifica o foco dado aos veículos motorizados individuais. De modo a melhorar o tempo de espera dos pedestres, na simulação prescritiva, procede-se à inserção de uma faixa semaforizada, demandando o deslocamento de 30 metros do retorno sentido leste-oeste (SHLN - Shopping) em direção à Ponte do Bragueto, havendo, assim, a inversão dos tempos entre pedestres (142,81s) e carros (265,99) e ônibus sendo pouco significativo (292,72s). Com isso, obteve-se uma redução do tempo de espera dos pedestres, bem como, uma travessia mais segura, justamente no ponto de maior fluxo de pedestre fora da faixa, indo ao encontro do que se espera para as cidades para pessoas (Gehl, 2010)
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n3.2017.5754
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