Estudo sobre a configuração subjetiva social de um grupo de ajuda-mútua
Resumo
Este trabalho visa relatar e discutir os resultados de uma pesquisa cujo objetivo principal foi compreender a configuração subjetiva social predominante num grupo de ajuda-mútua, com atenção aos potenciais terapêuticos desse tipo de estratégia e à presença de possíveis processos de institucionalização na sua dinâmica. A pesquisa se deu num contexto de avanços e retrocessos da reforma psiquiátrica e de difusão de estratégias participativas de saúde mental, das quais os grupos de ajuda-mútua fazem parte. Foi utilizado o método construtivo-interpretativo, baseado na Epistemologia Qualitativa, em articulação com a teoria da subjetividade de González Rey. Os participantes da pesquisa foram integrantes de um grupo de ajuda-mútua de uma cidade satélite do Distrito Federal, o qual era aberto à população e frequentado por um grupo relativamente assíduo de cerca de seis pessoas. O instrumento de pesquisa consistiu em dinâmicas conversacionais que ocorriam durante os encontros do grupo e em momentos informais antes ou depois dos encontros. Pode-se dizer que o grupo em questão expressa processos subjetivos relacionados à hipervalorização da atuação do profissional de saúde, os quais articulam-se a uma lógica individualista, à associação entre transtorno mental e incapacidade, e a um processo de burocratização do grupo. Apesar de serem predominantes, tais processos subjetivos estão em contínuo tensionamento dentro da subjetividade social do grupo, o que aponta para o potencial de desinstitucionalização desse tipo de estratégia. Tais processos de hipervalorização do profissional de saúde parecem estar articulados à forma através da qual o funcionamento do grupo é representado por seus integrantes, o qual remete ao funcionamento de estratégias de suporte por pares e não ao de grupos de ajuda-mútua em si, o que também pode estar contribuindo para a dificuldade do grupo de ajuda-mútua em funcionar enquanto tal.
Palavras-chave
Ajuda-mútua. Subjetividade. Reforma psiquiátrica.
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2019.7492
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