Moralidade, perigo social e militarização das escolas

Daniel Oliveira Zacarias, Luccas Moraes Galli, João Gabriel Nunes Modesto

Resumo


O governo federal, durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro, optou por implementar o modelo cívico militar em escolas brasileiras, dividindo opiniões da população. Parte do argumento em defesa deste modelo se assenta na justificativa de que o Brasil apresenta índices ruins na educação ao assumir as posições de 57ª, 66ª e 70ª para leitura, ciências e matemática, respectivamente, entre 79 países avaliados no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes de 2018. Além disso, é comum o argumento que valores como patriotismo e civismo seriam fundamentais para o desenvolvimento do cidadão e para a disciplina, o que teria uma relação direta com o desempenho escolar. Por outro lado, quem se opõe à proposta, tende a argumentar que o modelo diminui a liberdade de professores e alunos, inviabilizando uma educação crítica e transformadora. A despeito das justificativas apresentadas pelos defensores e opositores do modelo, buscando compreender fatores psicossociais que interferem na posição das pessoas frente a essa proposta, a presente pesquisa teve como objetivo investigar a influência dos fundamentos morais e das crenças em mundo perigoso na favorabilidade em relação à militarização das escolas públicas. Participaram da pesquisa 256 pessoas que responderam ao questionário de fundamentos morais, à escala de crenças no mundo perigoso e a uma medida de favorabilidade à militarização. Verificou-se que uma moral conservadora (tendência coesiva) contribuiu com o apoio à militarização, sendo este efeito parcialmente mediado pela percepção de perigos social. Em conjunto, os resultados evidenciam a importância da compreensão da moralidade e da percepção de perigo social para o entendimento do posicionamento frente à militarização.

Palavras-chave


Moralidade; Crenças; Conservadorismo; Educação.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2019.7500

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