Neoliberalismo e subjetividade: desdobramentos em um serviço de saúde mental

Danielle Christine Vasconcelos Chauvet, Valéria Deusdará Mori, Daniel Magalhães Goulart

Resumo


O objetivo deste estudo foi compreender processos subjetivos produzidos na relação
entre usuários e profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial do Distrito Federal
(CAPS) que se relacionam a expressões do neoliberalismo e à manutenção do fenômeno
da nova institucionalização, à luz da teoria da subjetividade, de González Rey. Partimos da
premissa de que modelos socioeconômicos, para além de configurarem sistemas de
produção e de consumo, favorecem certas formas de existência. A lógica do mercado,
baseada na concorrência e em modelos empresariais, presentifica-se como um imperativo
que visa reger todas as relações. Sendo assim, em uma articulação do cenário neoliberal
com cenário medicalizante que vivenciamos, assistimos ao processo da patologização e da
gestão psicofarmacológica de si. Para alcance dos objetivos propostos, o método utilizado
foi construtivo-interpretativo, baseado na epistemologia qualitativa. A pesquisa foi
realizada em um CAPS do Distrito Federal, tendo como participantes a equipe do serviço.
Foram realizados oito encontros com membros da equipe, entre eles seis presenciais e
dois virtuais, nos quais o instrumento utilizado foi a dinâmica conversacional. Como
resultados, destacamos a hipótese de que a subjetividade social do CAPS em questão é
marcada pela lógica neoliberal, de modo que há uma produção subjetiva da equipe do
serviço em termos mais amplos e de políticas governamentais voltada à marginalização do
CAPS. Verificamos, ainda, como a manutenção desse sistema de patologias que alimenta a
racionalidade neoliberal se relaciona com o fenômeno da “nova institucionalização” no
CAPS, cultivando o modelo manicomial em serviços que formalmente se voltam para sua
superação. Por fim, pudemos observar também a emergência de posicionamentos
criativos de profissionais que, não apenas resistem, mas produzem sentidos subjetivos
alternativos à racionalidade neoliberal e à patologização.


Palavras-chave


Neoliberalismo. Subjetividade. Saúde mental.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2019.7502

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