Imagem para capa

Avaliação de sintomas neurológicos em pacientes infectados por Sars-Cov-2 e sua correlação com o prognóstico

Beatriz Luna Coutinho De Almeida, Maria Paula Goulart De Abreu Catta Preta, Márcio Garrison Ditz

Resumo


Em dezembro de 2019, foram registrados os primeiros casos de doenças respiratórias agudas de etiologia indeterminada. Posteriormente, essa nova doença foi denominada COVID-19. Em março de 2020, a OMS declarou o surto como uma pandemia. Na maioria dos casos, a doença se apresenta inicialmente como uma síndrome gripal, podendo estar relacionada a outros sintomas, como dor abdominal, mialgia e cefaleia. Além disso, pacientes infectados pelo vírus e com comorbidade prévia – como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares – apresentaram maiores complicações e internações em Unidades de Terapia Intensiva. Desde o início, no entanto, uma parcela dos pacientes infectados apresentaram diversos sintomas neurológicos, por exemplo, tontura, cefaleia e alterações no olfato e no paladar. O estudo teve como objetivo evidenciar os sintomas neurológicos em pacientes diagnosticados com COVID 19 no Distrito Federal bem como correlacioná-los com o prognóstico desses pacientes. A metodologia do estudo baseou-se em estudo observacional retrospectivo. Foram obtidos dados de pacientes entre maio e outubro de 2020. Um questionário elaborado pelos pesquisadores foi a base da coleta de dados, e contemplou diversos dados, como epidemiológicos, medicações utilizadas, presença ou não de sintomas neurológicos, entre outros. Foram analisados 327 pacientes, divididos em 3 grupos: com sintomas neurológicos, sem sintomas neurológicos e com comorbidade neurológica prévia. Os grupos foram analisados separadamente, e os dados obtidos foram analisados pelo software estatístico JAMOV, a fim de correlacionar os 3 grupos de pacientes. No estudo, foram avaliados os dados epidemiológicos, sendo o sexo feminino mais prevalente e a idade média dos pacientes estatisticamente relevante (p=0.001). Os principais sintomas iniciais relatados foram síndrome gripal, dispneia e cefaleia. Neste estudo, apenas a cefaleia refratária foi considerada como sintoma neurológico, tendo em vista que a cefaleia simples está presente em outras infecções virais. Outros sintomas, como mialgias e tonturas, também não foram classificados como sintomas neurológicos. Os principais tipos de sintomas neurológicos apresentados foram cefaleia refratária, AVC e RNC. Além disso, o estudo correlaciona o maior uso de medicações de diferentes classes – como anti-hipertensivos e hipoglicemiantes – aos pacientes com sintomas neurológicos e comorbidades neurológicas. Ademais, os desfechos dos quadros analisados por subgrupo foram piores nos indivíduos com sintomas neurológicos e comorbidades neurológicas – o tempo de internação, a necessidade de VM e a evolução fatal, por exemplo, foram maiores nesses casos. O uso de medicações como antibióticos, corticoides e DVA foi menos prevalente nos pacientes do grupo controle, demonstrando apresentação de infecção mais leve e menor ocorrência de infecções bacterianas sobrepostas ao vírus. Na Escala Rankin, os grupos de sintomas neurológicos e comorbidades neurológicas apresentaram maior prevalência de pontuação 6 (máxima – óbito). Diante dos dados apresentados, infere-se que a manifestação da COVID-19 relacionada a sintomas neurológicos pode apresentar casos de infecção mais grave em comparação a pacientes sem esses sintomas. A análise de pacientes com comorbidades neurológicas possibilita inferir o pior quadro desses pacientes. Estudos que relacionem a ação do vírus Sars-Cov-2 com o sistema nervoso e que visem entender as consequências a longo prazo das manifestações neurológicas nesses pacientes ainda são necessários.


Palavras-chave


COVID-19; sintomas neurológicos; comorbidades neurológicas.

Texto completo:

PDF


DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8228

Apontamentos

  • Não há apontamentos.

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia