Estudo da evolução de pacientes portadores de apendicite aguda com 65 anos ou mais
Resumo
Pacientes de 65 anos ou mais com apendicite aguda tendem a apresentar sinais e sintomas atípicos, deste modo, reconhecer tais particularidades e diagnosticá-los precocemente é essencial para redução da morbimortalidade desse grupo. O quadro clínico atípico nessa faixa etária se deve a doenças crônicas, imunodepressão, incapacidade funcional, problemas cognitivos e uso de polifarmácia. Com o aumento da expectativa de vida da população, há uma maior incidência de apendicite em idosos, portanto, é importante um estudo contínuo e atualizado direcionado deste assunto, visando a atenuação de riscos e complicações. Dessa forma, o estudo objetiva investigar e comparar a idade, sexo, quadro clínico, início dos sintomas, tempo de internação e diagnóstico, exames complementares, via de acesso cirúrgico, achado operatório, técnica cirúrgica e presença de complicações pós-operatórias em pacientes idosos com idade igual ou acima de 65 anos internados na Unidade de Cirurgia Geral do Hospital Regional da Asa Norte. Trata-se de um estudo retrospectivo, qualitativo e quantitativo, com base em coorte extraída de prontuários eletrônicos de pacientes com CID K.35, internados e operados na Unidade de Cirurgia Geral durante o período de janeiro de 2009 a dezembro de 2018, no Hospital Regional da Asa Norte, da Secretaria de Estado de Saúde do DF. Para cada paciente idoso com apendicite foram escolhidos aleatoriamente três pacientes situados na faixa etária de 18 a 30 anos operados no mesmo período já descrito, para compor o grupo controle. Foram selecionados 57 pacientes com mais de 65 anos para composição do grupo amostral, os quais cumpriam os critérios de participação. A partir disso, foi constituído, de forma aleatória, o grupo controle, sendo selecionados 171 pacientes entre 18 e 30 anos que se enquadraram nos critérios de participação. A faixa etária média dos participantes da amostra foi de 80 ±15 anos, sendo a moda 66 anos, enquanto a faixa média do controle foi de 24 ± 6 anos, sendo a moda de 19 anos, dos quais a maioria é do sexo masculino em ambos os grupos. A maioria dos participantes do grupo controle foi submetido a laparotomia, sendo a incisão mediana a mais empregada, o que pode estar relacionado com a apresentação da apendicite aguda mais complicada. No grupo controle, a técnica cirúrgica mais empregada foi a incisão a Davis. O achado operatório de apêndice perfurado foi o mais comum no grupo amostral enquanto o apêndice com hiperemia e edema foi o mais prevalente no grupo controle. Ainda, houve altas taxas de achados anatomopatológicos de apendicite gangrenosa e complicações pós operatórias em pacientes idosos. No entanto, a mortalidade foi mínima, reforçando a resolutividade da terapêutica cirúrgica utilizada na apendicite aguda. A apendicite aguda continua sendo uma patologia de tratamento cirúrgico, com pico de incidência em adultos jovens, mas que com o aumento da expectativa de vida, vem atingindo idosos também. É importante ressaltar a apresentação clínica atípica em pacientes idosos, levando a maior tempo diagnóstico e maior índice de complicações pré e pós operatórias.
Palavras-chave
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8287
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