O impacto da mastectomia na qualidade de vida de homens trans estudo em um instituto particular de Brasília

Giovanna Costa Moura Velho, Juliana Janiques de Matos Recch, Alberto Vilar Trindade

Resumo


A mastectomia bilateral pode ter grande efeito na qualidade de vida de um homem trans. Os
pacientes transgêneros frequentemente apresentam disforia de gênero, a qual está
intimamente relacionada à transtornos mentais, como ansiedade, depressão e até suicídio.
Além disso, a terapia hormonal não possui muita ação nas mamas e os pacientes recorrem
ao uso de bandagens. Estas pioram a qualidade de vida por não serem confortáveis, causar
calor e não oferecer liberdade ao frequentar praias ou piscinas e nem em relações sexuais.
As bandagens podem causar ptose mamária, prejudicar a cicatrização e diminuir a
elasticidade da pele. Por isso, estudos já demonstram o grande impacto positivo dessa
cirurgia na vida de homens trans. Entretanto, no Brasil há poucos estudos sobre esse assunto
e pouca acessibilidade à cirurgia, até mesmo em clínicas particulares. O presente estudo
possui como objetivo analisar o impacto da mastectomia bilateral na qualidade de vida de
homens transgênero. Desse modo, a pesquisa foi realizada por meio do envio de
questionários para os pacientes de um instituto particular que realiza a cirurgia. O formulário
é composto por perguntas de autoria das pesquisadoras e perguntas do questionário
BODY-Q, o qual é reconhecido internacionalmente e avalia a percepção e aceitação do
próprio corpo. Foram utilizados 2 módulos deste questionário (Body Image e Sexual
Function). As perguntas englobam questões sobre a aparência e a qualidade de vida do
paciente, permitindo a avaliação quantitativa e qualitativa dos resultados. Os participantes
foram divididos em 2 grupos: pacientes que realizaram a mastectomia há pelo menos 2
meses; e pacientes que ainda não realizaram a cirurgia. Após os critérios de inclusão e
exclusão, foram utilizadas as respostas de 58 questionários, as quais demonstraram que os
participantes que realizaram a mastectomia bilateral possuem melhor percepção e relação
com o próprio corpo a respeito dos que ainda não realizaram. Além disso, o grupo 1 também
demonstrou maior realização pessoal e felicidade. Portanto, conclui-se que a mastectomia é
uma ferramenta importante para diminuir a disforia de gênero nos pacientes e
consequentemente diminuir as taxas de ansiedade, depressão e até de suicídio na população
trans. Por fim, é necessário que mais estudos nessa área sejam realizados, para estimular
cada vez mais o protagonismo trans nas pesquisas científicas e demonstrar a importância e
necessidade da ampliação da oferta dessa cirurgia no SUS


Palavras-chave


Mastectomia; Transgênero; Homens Trans; Redesignação Sexual; Qualidade de Vida

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8976

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