Envelhecimento da população homossexual: subjetividade, sofrimento e resistência

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo investigar como ocorre subjetivamente o processo de envelhecimento de idosos e idosas homossexuais. Uma vez que essa população muitas vezes se encontra marginalizada da sociedade, dos debates e das pesquisas no campo da saúde, esta pesquisa visou diminuir a lacuna existente nas pesquisas relativas à temática no campo da saúde no Brasil. Para isso, buscamos compreender os impactos subjetivos produzidos por uma sociedade estruturalmente homofóbica nos idosos homossexuais. Além de observarmos questões que trazem sofrimento, como maior propensão à solidão e violências intrafamiliares, buscamos ainda entender as estratégias de resistência empregadas por esse grupo. A metodologia utilizada foi de caráter qualitativa e exploratória, por meio da análise do discurso e com base nas articulações teórico-clínicas da psicanálise. Nesse sentido, buscamos esmiuçar os sentidos, aparentes e encobertos, das experiências dessa população. Para o trabalho foram entrevistados, por meio de uma entrevista semi-estruturada, quatro participantes homossexuais, dois homens e duas mulheres, todos cisgêneros. Os resultados nos mostram que o medo da solidão, a pressão estética e a homofobia são alguns dos significantes que marcam a trajetória desse grupo. No entanto, a resistência, a vontade de viver e as alegrias também se mostraram mais presentes do que era esperado pelos pesquisadores. A relevância desse estudo reside, portanto, em para além de abordar questões sociais, trazer a importância do sujeito para o centro, de acordo com princípios psicanalíticos, que proporciona uma compreensão mais profunda das complexidades emocionais vivenciadas por esses indivíduos. Ao explorar as estratégias de resistência empregadas por idosos homossexuais diante das adversidades, o trabalho contrasta ponto de sofrimento com a resiliência e a força desse grupo.