Cigarros eletrônicos e saúde cardiovascular: análise do cronotropismo e inotropismo ao repouso e ao esforço

Beatriz Vieira Nascimento Silva, Camila Nakamura Perissê Pereira, Luciano Janussi Vacanti

Resumo


O uso de cigarros eletrônicos tem sido tradicionalmente percebido como inofensivo, com tendências recentes mostrando um aumento no uso não só entre fumantes, como também entre não fumantes, principalmente quando se trata adolescentes e jovens adultos. Esses dispositivos possuem nicotina que, comprovadamente, tem ação direta sobre o sistema cardiovascular. Entretanto, eles também contêm outros produtos químicos nocivos, como metais e substâncias como cádmio, cromo, chumbo, níquel e silicatos. Assim, estudos recentes estão evidenciando efeitos agudos do uso de cigarros eletrônicos na pressão arterial e na frequência cardíaca, bem como nos parâmetros de rigidez arterial. Nesse sentido, o atual estudo tem como objetivo comparar, de forma quantitativa, a resposta da frequência cardíaca e da pressão arterial durante teste de esforço máximo em esteira ergométrica entre três grupos, sendo eles compostos por usuários de cigarros eletrônicos, usuários de outros tipos de cigarros com nicotina e não fumantes saudáveis. Foram excluídos do estudo indivíduos com doença física ou mental incapacitante, os considerados “sedentários” pelo questionário internacional de aptidão física (iPAQ) versão curta, obesos (IMC > 30 Kg/m2), indivíduos com pressão arterial sistólica (PAS) > 140 mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) > 90 mmHg e/ou frequência cardíaca (FC) em repouso > 99 bpm. Logo, no presente estudo, não houve diferença estatisticamente significativa entre as variações FC entre os grupos e todos os participantes atingiram 85% da FC máxima esperada, fato que pode ser justificado pela amostra ser composta de indivíduos jovens, entre 18 e 30 anos, sendo a maioria deles considerados ativos ou muito ativos. Contudo, foi encontrado uma tendência à diferença entre os Deltas da PAS e PAD, sugerindo uma melhor resposta dessas variáveis no grupo controle, apesar de que não se obteve diferença estaticamente significativa entre os grupos. Em acréscimo, no momento final da fase de recuperação (Rec 6), os grupos compostos por fumantes de cigarros eletrônicos e de outros tipos de cigarro não retornaram aos valores da PA do repouso, variação que foi alcançada pelo grupo controle. Muitos estudos relacionam a recuperação lenta da PAS pós-esforço com a presença de doença arterial coronariana. O presente estudo teve como limitação uma amostra pequena e a dificuldade para encontrar jovens que fumam apenas cigarros classificados em “outros tipos de cigarro”, como o cigarro industrializado, cigarro de palha ou tabaco. Dessa forma, estudos com amostras maiores e/ou estudos logitudinais são fundamentais para se desvendar os efeitos dos cigarros eletrônicos no sistema cardiovascular tanto a curto, quanto a longo prazo. Todavia, mesmo na necessidade de mais pesquisas, os malefícios do cigarro eletrônico já elucidados cientificamente são suficientes para embasar campanhas que desincentivem o uso.

Palavras-chave


cigarros eletrônicos; efeitos agudos; cardiovascular.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2022.9554

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